Trânsito Relevante: Mangala e Ketu em Leão
A Fúria que purifica. O Corte que liberta.
Mangala e Ketu em Leão: a fúria que purifica, o corte que liberta
A partir de 7 de junho, Mangala entra em Leão, signo ígneo, solar e centrado no coração. É o retorno do guerreiro ao seu elemento. Após um longo e instável trânsito iniciado em agosto de 2024 — com idas e vindas entre Gêmeos e Câncer, incluindo retrogradações — Marte finalmente se reencontra com sua força natural. A vitalidade retorna. A ação se energiza. A vontade se reacende. Mas junto com esse renascimento da potência marciana, algo mais se instala: Ketu já o espera em Leão.
Essa conjunção entre Marte e Ketu se forma ao longo de todo o mês, culminando no grau exato no dia 22 de julho. No entanto, seus efeitos já se fazem sentir desde os primeiros dias de junho. Quando dois planetas dividem o mesmo signo, mesmo sem estarem exatamente conjuntos, já há troca de energia ativa — e, no caso de Mangala e Ketu, essa troca é explosiva.
Na simbologia védica, Ketu é a cauda do dragão, a força invisível que separa, corta, dissolve e liberta. Um planeta sem cabeça — ou seja, sem razão, sem direção linear. Atua pelas vias do subconsciente, da memória cármica, da raiva contida. Quando se une a Mangala, regente da ação, do desejo e do impulso vital, o resultado pode ser intenso, instintivo, irracional — e profundamente transformador.
Essa configuração pode gerar reações impulsivas, explosões emocionais, decisões abruptas, muitas vezes alimentadas por dores antigas que estavam soterradas. Velhas feridas vêm à tona. Há uma vontade de agir, mas sem saber exatamente de onde vem essa urgência — ou contra quem ela se volta.
É importante lembrar que, embora Mangala e Ketu compartilhem um certo tipo de afinidade energética (ambos são planetas kshatriyas, ligados à guerra e ao dharma), juntos eles são excessivos. Marte quer conquistar. Ketu quer dissolver. Um quer avançar. O outro quer cortar. Essa dualidade pode gerar tensão interna, crises de identidade, rompimentos abruptos ou perdas súbitas — mas tudo isso pode se tornar purificação, se conduzido com consciência.
Nos mapas pessoais, essa conjunção pode ativar diferentes áreas, dependendo do posicionamento de Leão no horóscopo. Nos dashās ou antardashās desses planetas, os efeitos tendem a ser mais intensos. As casas mais sensíveis a essa conjunção são a 1ª, 4ª, 7ª, 8ª e 10ª — envolvendo identidade, lar, relacionamentos, sexualidade, poder e carreira. É como se a vida exigisse de nós uma escolha mais honesta sobre como — e por que — estamos agindo.
Ao mesmo tempo, essa conjunção oferece energia extrema para perseguir metas com foco e coragem. Pode ser o momento de cortar o que já não serve com firmeza, seguir em frente com clareza e libertar-se de antigos padrões de sabotagem. Mas isso só será possível se houver presença. Caso contrário, essa configuração se manifesta como temperamento explosivo, reatividade emocional, raiva sem causa, crises nas relações afetivas e familiares, especialmente com figuras de autoridade, filhos ou parceiros.
Esse é um campo fértil para o despertar espiritual, mas também para a autodestruição — tudo dependerá de como você acolhe as sombras que emergem. É uma energia que fere, mas também cura. Que rompe, mas também liberta. Que destrói, mas abre espaço para o verdadeiro Eu.
Reagir é instintivo. Responder é sagrado. Este é o chamado de Marte e Ketu em Leão: que você não fuja da tempestade, mas aprenda a dançar dentro dela.
Karuna Devi Dasi