Amāvasyā em Rohiṇī: enraizar para florescer
No coração de Vṛṣabha (Touro sideral), Sol e Lua se unem no Nakṣatra de Rohiṇī, a mais fértil e magnética das moradas lunares.
No instante em que Sol (Sūrya) e Lua (Candra) se encontram na abóbada celeste, inicia-se mais do que um novo ciclo lunar. É um chamado silencioso ao retorno para dentro. Em 27 de maio de 2025, às 00h02 (horário de Brasília), teremos uma Amāvasyā a 11º de Vṛṣabha (Touro), no sideral, sob a regência de Rohiṇī Nakṣatra, uma das moradas mais férteis da Lua.
Este é um momento de profunda potência fértil, não apenas no sentido biológico, mas espiritual, emocional e vibracional. Rohiṇī, cujo nome significa “a vermelha”, é o Nakṣatra mais querido de Candra, regido por Prajāpati (Brahmā), o Criador do universo manifestado. Este é o solo simbólico onde o desejo se transforma em vida.
A Lua exaltada, o Sol faminto
Durante esta lunação, Candra se encontra exaltado, radiante e nutridor, enquanto Sūrya passa por kṣudhita avasthā, o estado de “fome” ou privação de vitalidade. Isso indica que a energia solar, racional, ativa, yang , e cede espaço à sabedoria fluida, intuitiva e receptiva do feminino lunar. É um momento mais propenso ao recolhimento, à introspecção e ao acolhimento dos sentidos sutis.
Além disso, dois grahas aquáticos predominam: Śukra (Vênus) segue exaltado em Mīna (Peixes), no Nakṣatra de Revatī, trazendo um tom místico, sonhador e amoroso. Enquanto isso, Maṇgala (Marte) permanece debilitado em Karka (Câncer), o que reforça um campo energético de menor impulso e ação externa, mas com maior capacidade de sentir e processar emoções profundas.
Rohiṇī é um campo fértil de Śaktī, a força criadora do universo. Simbolizado por uma carruagem, este Nakṣatra evoca movimento, beleza, magnetismo e encarnação sensível. Ele não grita. Ele pulsa. E nos convida a plantar com consciência:
“O que você deseja cultivar?”
“E com o que está alimentando esse desejo?”
Vṛṣabha, signo fixo de Terra, não se apressa. Ele ensina que a manifestação é lenta, paciente e orgânica — como uma semente que germina em seu próprio tempo. Essa lunation pede presença, cuidado e devotamento à vida sensível.
Durante a conjunção solar-lunar, Budha (Mercúrio) também transita Vṛṣabha, em Kṛttikā Nakṣatra — simbolizado por uma lâmina de fogo. Este posicionamento oferece clareza mental, poder de foco e discernimento. Enquanto Rohiṇī ativa o campo do desejo e da sensualidade, Budha em Kṛttikā nos pergunta com firmeza:
“Isso está alinhado com sua verdade?”
É um bom momento para nomear sentimentos, planejar com precisão e refinar as intenções. A comunicação interna e externa ganha força espiritual quando atravessada pela verdade essencial.
Ketu, o nodo sul da Lua, lança seu 10º aspecto (dṛṣṭi) a partir de Siṃha (Leão), em Uttara Phalgunī Nakṣatra. Essa influência espiritualiza os desejos, desafiando apegos egoicos e expectativas performáticas.
“Você está criando a partir da alma ou representando um papel?”
Śani (Saturno), agora em Mīna (Peixes), lança seu 3º aspecto sobre a Lua Nova, oferecendo estrutura, realidade e prudência. Não nega o florescimento, mas exige responsabilidade:
“Você está preparado para sustentar aquilo que deseja?”
Saturno aqui é como um mestre jardineiro que nos lembra que cuidar importa mais que sonhar.
Com Śukra exaltado em Revatī, sentimos o convite da Deusa para curar com beleza. Arte, música, poesia, natureza e toque afetuoso tornam-se portais de presença espiritual. A beleza, aqui, não é vaidade: é oração, é bálsamo, é caminho de retorno à alma.
Recomendações para esta lunação:
Faça uma pausa consciente. Escute seu corpo.
Escreva intenções enraizadas, não ilusórias.
Medite conectando-se à força criadora do universo.
Permita-se suavizar. Acolha as lágrimas. Nutra com poesia.
Pratique presença: toque, olhe, respire.
A Deusa está nos detalhes.
Reflita:
Quais desejos parecem maduros o suficiente para enraizar?
O que estou cultivando com devoção?
O que está me nutrindo de verdade? O que está me drenando?
Onde posso criar mais espaço para beleza e silêncio?
Rohiṇī fala em sussurros.
Ela não exige. Ela convida.
Que possamos ouvir.
Jai Ambe Jai Jagatambe!
Karuṇā Devī Dāsī – serva da Deusa, serva de Rādhā